Capítulo 1
Como a tecnologia tem afetado nossa habilidade de comunicação
Antes de nos aprofundarmos nas estratégias práticas de superar esses temidos momentos, há algumas informações básicas que você precisa conhecer. Bem, eu estou convicto de que enxergar o cenário como um todo vai ajudá-lo a entender melhor a origem do seu bloqueio de comunicação.
A verdade é que o mundo em que vivemos hoje é muito diferente do que nos tempos das carroças cobertas e banhos comunitários. Que nojo! Hoje certamente é melhor em uma infinidade de maneiras. Temos a tecnologia, carros velozes, aviões, até mesmo encanamento interno! Mas, infelizmente não melhorou em alguns aspectos.
––––––––
Nós fomos configurados para falhar
Veja só, e as pessoas ainda chamam isso de era da comunicação, de era de ouro, da conexão instantânea, com base na facilidade com que falamos com pessoas a centenas ou até milhares de quilômetros de distância. Isso certamente é ótimo, mas espere aí. E as pessoas que estão sentadas ao nosso lado? Quão conectadas a elas nós estamos?
Mais de 70% da população mundial admite ter problemas para se comunicar adequadamente com pessoas da família. Pense nisso durante um momento. SETENTA POR CENTO! Isso é inacreditável. E para colocar as coisas em perspectiva, mais de três de cada quatro vizinhos seu provavelmente enfrentam o mesmo problema que você.
Além disso, é comprovado que grande parte disso gera consequências que levam as pessoas a não ter habilidade de comunicação adequada para se envolver em um nível pessoal com estranhos ou com alguém que acabou de conhecer.
Você já percebeu que, no passado, antes dos telefones entrarem em todas as casas, era muito mais fácil falar com as pessoas frente a frente? Isso porque, por mais tempo que levasse, com exceção do correio que chegava toda semana ou do mensageiro que algumas vezes costumava levar dias para chegar a um destino de 100 km de distância, essa era a única forma de se comunicar com alguém! Se você quisesse ter uma conversa completa em tempo real com alguém que não morasse na mesma casa que você, você tinha que levantar a bunda da cadeira, ir até a casa dela, bater na porta, abrir a boca, e falar com ela. Parece difícil não é? Agora pense em quantas pessoas fazem isso hoje na era moderna.
Isso mostra que essa comunicação era inútil para a sobrevivência no passado. Se você precisasse de algo do outro, você tinha que fisicamente e verbalmente manifestar isso. Significa também que você teria que se comunicar regularmente com todos a sua volta para realizar algo.
––––––––
Hábitos antigos permitiam conversas simples
Antigamente, ao caminhar pela rua, costumava-se cumprimentar a todos com um sorriso. E ao não fazer isso você era considerado mal educado. Hoje, acontece o contrário disso, as pessoas estão tão grudadas em seus smartphones ou ouvindo música com seus fones empurrados no fundo do ouvido que suas bocas nem se movem muito mais. As pessoas estão MENOS conectadas umas às outras.
No passado, os seres humanos tinham que interagir falando entre si diversas vezes por dia e, consequentemente, as pessoas não só eram mais simpáticas umas com as outras, como se tornavam mais fluentes e naturais em comunicar com seus pares. Elas praticavam diariamente apenas de abrirem a boca com mais frequência. Isso não é fácil?
Não nos deram a chance de desenvolver nossas habilidades sociais
Veja só, as crianças de antigamente eram ensinadas a socializar-se desde muito cedo. Elas eram incentivadas a saírem para fazer amigos e aprenderam a ser autossuficientes. Isso deu a elas confiança para falar com os outros. Na escola, eram instruídas sobre o que era uma conversa apropriada. As crianças eram sempre ensinadas a não falar, a menos que alguém falasse com elas. Isso para ensiná-las a realmente ouvir e a responder de maneira significativa e compreensiva. Essa educação não só as tornaram bons ouvintes, mas adultos compassivos, capazes de ter conversas produtivas nos mais altos ambientes sociais. Como você vê, a conversa era a chave da sobrevivência.
Onde está a sociabilidade na era moderna?
Convenhamos, estamos todos grudados em nossos smartphones, tablets e computadores. Deslizando para a esquerda no Tinder, navegando na internet, enviando mensagens no Facebook ou no iMessenger. Quando foi que tivemos uma conversa decente ou um encontro gostoso com nossos amigos mais próximos? O fato é que nos tornamos inválidos desde que os adquirimos. Não é lamentável?
Consequências do desenvolvimento acelerado
A vida agitada e a “conectividade” mudaram a direção da nossa sociedade em cento e oitenta graus. Nós começamos a subestimar as ferramentas mais diretas e eficientes de comunicação e substituímos por dispositivos que PENSAMOS que estão fazendo um trabalho melhor para nós. Na realidade, as pessoas hoje estão mais isoladas do que nunca e isso é lastimável. A modernização e a tecnologia têm roubado nossas competências mais essenciais, e precisamos reivindicá-las novamente!
Situações críticas que estamos sendo privados:
De encontrar os amigos e a família
De ir a festas divertidas
De ir a eventos sociais
Do espírito de comunidade e convívio com nossos pares
De tratarmos a todos ao nosso redor com respeito e dignidade que gostaríamos de receber.
De nos comunicar com nossos vizinhos.
Possíveis razões
Há muitos motivos possíveis para esta epidemia de silêncio ter acontecido. A maior parte pode ser atribuída aos avanços tecnológicos que temos visto ao longo do tempo. E nenhuma pessoa até agora foi capaz de identificar exatamente o que mudou a forma gentil de tratamento no mundo. Aqui estão algumas das possíveis causas. Você pode tentar também descobrir por si mesmo o que você acha que gerou a decadência da comunicação.
• O telefone: A invenção do telefone tornou mais fácil excluir o contato humano de uma conversa. Em vez de algumas vezes ir até a casa do outro, passar algumas horas e fazer uma refeição juntos, podem telefonar para falar o que precisa ser dito, e depois interromper a conversa com a desculpa de que está muito atarefado ultimamente. Não é preciso permanecer no telefone por horas a fio porque a pessoa do outro lado da linha também já concordou em desligar.
O telefone, quando foi inventado, era tão caro que só as pessoas ricas e as agências do governo os tinham. Criado em 1876 por Alexander Graham-Bell, ele era tecnologicamente o objeto mais avançado desde que surgiu a eletricidade. No começo, custava mais de mil dólares para ter um único telefone. Para fazer uma ligação, a Bell Telephone Industries cobrava um dólar por minuto. O que era muito caro, considerando que a média de salário do trabalhador que tinha sorte de ter emprego era de cinquenta centavos por hora. Para fazer uma chamada de um minuto seriam necessárias duas horas de trabalho, por isso a maioria das famílias não tinha telefone em casa. Isso até o início dos anos 90 depois que Henry Ford inventou o conceito de produção em massa. Depois disso, uma empresa conseguiu fabricar um telefone muito mais barato que o design do telefone antigo da Bell Industries, e descobriu uma forma melhor e mais barata de realizar chamadas. Nesse período, os salários também subiram bastante. O salário mínimo chegou a dois dólares por hora, tornando o telefone mais comum em casas de médio padrão. Nos anos setenta, o telefone residencial se tornou um item básico e as ligações custavam só dez centavos por minuto. O que foi excelente, pois, a essa altura, os salários mínimos chegavam a sete dólares por hora. A empresa crucial para a redução do preço do telefone? Bem, hoje ela é conhecida como AT&T.
Devido ao seu custo, talvez o telefone não tenha sido a razão do declínio da comunicação na era moderna, mas decisivamente deu uma mão para que acontecesse. Especialmente porque se tornou mais fácil e mais barato de ser adquirido. As pessoas telefonavam em vez se encontrar, e essas ligações não precisavam ser chatas e intermináveis, já que tempo era dinheiro. Isso permitiu também que as conversas se tornassem mais curtas, o qual virou um hábito também no dia a dia.
Televisão: A televisão era muito mais acessível que o telefone. A qual se tornou uma forma muito mais fácil de levar as notícias, assim você não tinha esperar até que um amigo ouvisse algo e o contasse. Havia também bons programas durante o dia para entreter as pessoas, o que fazia com que elas preferissem permanecer em casa assistindo televisão o dia todo, os adultos pelo menos. A...