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Restauração Ecológica
Princípios, Valores e Estrutura de uma Profissão Emergente
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Restauração Ecológica
Princípios, Valores e Estrutura de uma Profissão Emergente
About this book
Publicado originalmente em 2007, Restauração Ecológica se tornou um livro seminal em seu campo. Esta edição completamente revisada e reorganizada apresenta desenvolvimentos e tendências atuais no campo por dois dos líderes mundiais em restauração ecológica. Disponível em por tuguês pela primeira vez, este novo ebook é um
recurso inestimável para praticantes e teóricos de diferentes origens, desde voluntários até cientistas acadêmicos e consultores prof issionais.
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Information
PARTE I
Por que Restauramos
A Parte 1 aborda o essencial para a restauração ecológica. O capítulo 1 apresenta uma visão geral do escopo deste livro. Apresentamos os princípios nos quais a restauração ecológica se baseia e os termos e conceitos essenciais para nossa argumentação. No capítulo 2, analisamos os valores pessoais, culturais, socioeconômicos e ecológicos que a restauração ecológica aborda. Sem uma avaliação dos motivos para se realizar a restauração ecológica, pode-se perder o porquê de estarmos fazendo e por quê é importante. Dessa forma, a restauração ecológica torna-se apenas uma outra maneira de ganhar a vida ou um passatempo para o fim de semana. No capítulo 3 voltamos nossa atenção aos ecossistemas – (o objeto da restauração ecológica) e começamos a distinguir entre os graus de estresse e distúrbio a que os ecossistemas podem ser expostos. Descrevemos as consequências ecológicas da perturbação de um ecossistema até ele se tornar degradado(um dos termos-chave) e, então, necessitar a restauração ecológica realizada por profissionais a fim de garantir sua recuperação.
Capítulo 1
Visão geral
A restauração ecológica é o processo de auxílio no restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído (SER 2004). Na perspectiva ecológica, é uma atividade intencional que reinicia processos ecológicos que foram interrompidos quando um ecossistema foi degradado. Na perspectiva da conservação, recupera a biodiversidade diante de uma onda de extinção sem precedentes, mediada por humanos. Na perspectiva socioeconômica, a restauração ecológica recupera serviços ecossistêmicos dos quais as pessoas se beneficiam. Na perspectiva cultural, a restauração ecológica é uma forma de fortalecer nossas comunidades, instituições e relações interpessoais através da participação em uma busca comum. Na perspectiva pessoal, a restauração ecológica nos permite reconectarmo-nos com o resto da Natureza e restaurarmo-nos a nós mesmos enquanto restauramos os ecossistemas degradados. Todas essas perspectivas sobre a restauração ecológica têm em suas essências uma única verdade: a Natureza nos sustenta; portanto, servimos nossos próprios interesses quando retribuímos isso e sustentamos a Natureza.
Embora globalmente cumulativa, a restauração ecológica é necessariamente um esforço local. A decisão de se restaurar representa um compromisso em longo prazo para com terras e recursos. Idealmente, essa decisão é tomada em consenso por todos os afetados. Um ecossistema restaurado contribui para a segurança ecológica e socioeconômica dos povos e para o seu bem-estar futuro. Os benefícios da restauração ecológica são intergeracionais. As pessoas desenvolvem apreço pelos ecossistemas locais quando participam das decisões referentes à restauração, e o respeito pelos ecossistemas aumenta se houver engajamento ativo nas atividades de restauração.
A restauração ecológica reinicia processos ecológicos, mas não é possível intervir e criar os resultados desejados diretamente. Em vez disso, manipulamos propriedades biofísicas de um ecossistema degradado para facilitar o restabelecimento de processos que só podem ser realizados por organismos vivos. O restaurador auxilia a recuperação do ecossistema como um médico auxilia a recuperação de um paciente. Os pacientes curam-se sob a supervisão do médico, sob cuidados e sob encorajamento. Da mesma forma, os ecossistemas respondem à assistência prestada pelos restauradores.
Uma vez concluídas as atividades do projeto de restauração ecológica, o ecossistema efetivamente restaurado auto-organiza-se e se torna cada vez mais autossustentável em um sentido dinâmico. Torna-se novamente resiliente a perturbação e pode manter-se de forma semelhante a um ecossistema não perturbado do mesmo tipo em uma localização próxima na paisagem local. Em outras palavras, a intenção é recuperar um ecossistema degradado de volta a sua condição de integralidade. Um ecossistema "íntegro" é caracterizado por possuir um conjunto de atributos ecológicos que serão discutidos no capítulo 5. Utilizamos o termo restauração ecológica holística para distinguir esses esforços abrangentes de ações parciais de restauração que se limitam a recuperação parcial do ecossistema ou a melhoramento ecológico.
Apesar de nosso ideal de recuperar um ecossistema degradado de volta a uma condição de total autossustentabilidade,, a época da história da Terra em que os ecossistemas intactos eram inteiramente autossustentáveis chegou ao fim por duas razões. Em primeiro lugar, os impactos ambientais antropogênicos tornaram-se tão difundidos globalmente e, muitas vezes, localmente severos, que muitos ecossistemas restaurados necessitam de manejo ecossistêmico contínuo para evitar que retornem a um estado degradado novamente. Em segundo lugar, muitos ecossistemas aparentemente naturais coevoluíram com as populações humanas, cujas práticas culturais tradicionais os transformaram em ecossistemas semiculturais. Tais sistemas degradam-se pela falta de manutenção após o abandono e se tornam candidatos à restauração ecológica. Se forem restaurados ao seu estado semicultural, as práticas culturais que os mantiveram anteriormente devem ser retomadas para garantir sua sustentabilidade.
Os ecossistemas não são estáticos. Eles evoluem em resposta a modificações naturais e antropogênicas no ambiente externo e a processos internos que governam a abundância e a composição de espécies. Utilizamos evoluir e evolução em relação aos ecossistemas aqui e em outras partes deste livro não no sentido Darwiniano, mas no sentido de desenvolvimento referindo-se a uma mudança ecológica unidirecional ou cíclica através do tempo. A evolução do ecossistema, assim como a evolução das espécies, às vezes, é gradual e sutil e, em outras vezes, é rápida ou abrupta. Um registro das mudanças sequenciais na expressão que um ecossistema sofre através do tempo é chamado de trajetória ecológica histórica. Se um ecossistema é degradado, sua trajetória histórica é interrompida. A restauração ecológica permite que o ecossistema retome sua trajetória histórica, da mesma forma que um médico auxilia no processo de cura, fazendo com que os pacientes possam retomar suas vidas.
Durante o hiato causado pela degradação, a Terra não parou. As condições e os limites externos podem ter mudado e os processos internos de recuperação do ecossistema podem desencadear uma expressão do ecossistema diferente da anterior. Sendo assim, o resultado da restauração ecológica é necessariamente uma expressão contemporânea e não um retorno ao passado, embora muitas, senão a maioria das espécies, persistem tanto no passado como no futuro, na maior parte dos locais. Desta forma, a restauração ecológica conecta um ecossistema degradado ao seu futuro. Restauramos a continuidade ecológica histórica, não os ecossistemas históricos. Independentemente de quanto tentarmos restaurar o passado, isso nunca acontecerá. Não temos escolha nessa questão, pois não podemos controlar os resultados da restauração sem perder a qualidade da naturalidade que nos esforçamos por recuperar. Na melhor das hipóteses, podemos somente simular o passado à medida que restauramos. A razão para isto é que os ecossistemas consistem de organismos vivos, e a vida não anda para trás. Em muitos projetos de restauração, o estado futuro simula os aspectos estruturais básicos do ecossistema antes do seu estado degradado, mas acreditar que ele pode realmente retornar a esse estado anterior (como se o tempo fosse reversível) é ilusório e contraproducente. Restauramos invariavelmente os ecossistemas "para o futuro." Sendo assim, a restauração ecológica é, de certa forma, uma metáfora que não deve ser interpretada literalmente. No entanto, é uma metáfora poderosa e um caminho a se seguir em tempos difíceis, que tem conquistado a imaginação, corações e mentes das pessoas em todo o mundo.
Cada projeto de restauração ecológica é um caso específico, sendo muito mais fácil restaurar alguns ecossistemas degradados do que outros em algo que se aproxime de sua condição histórica anterior. No entanto, a intenção em todos os casos deveria ser conduzir o sistema de volta para sua trajetória ecológica que, antes da degradação, estava em processo de desenvolvimento em direção a um futuro por vezes indefinido. As tentativas de restaurar um ecossistema em seu antigo estado histórico são válidas e viáveis, desde que se entenda que o resultado será imperfeito e que em cada projeto nossos objetivos gerais são restaurar a continuidade histórica e a totalidade ecológica, em vez de uma condição estática.
Vivemos em um momento de crescente instabilidade ambiental. A exploração e o abuso do ambiente natural pelo homem e as contínuas mudanças no clima e em outras condições globais ditam que muitos ecossistemas só podem ser restaurados a estados que contêm substituições das espécies e rearranjos da estrutura com os quais não estamos familiarizados. Restaurar a estados anteriormente desconhecidos pode parecer paradoxal, mas este conceito não é diferente da ampla gama de possibilidades de evolução dos ecossistema ao longo do tempo geológico. O que torna a restauração ecológica distinta é que confiamos o máximo possível nas condições passadas do ecossistema pré-degradação como referência ou ponto de partida e aproveitamos quaisquer possíveis legados do passado a fim de garantir um ecossistema totalmente funcional, dinâmico e sustentável no futuro. Em particular, povoamos o ecossistema restaurado com espécies do ecossistema anterior à degradação na medida em que as condições contemporâneas o permitem. Essas espécies coevoluíram ou são adaptadas de outra forma para funcionar perfeitamente umas com as outras e com o ambiente físico. Elas são mais propensas do que outras espécies a se organizarem em ecossistemas satisfatoriamente restaurados e sustentáveis. Proporcionam continuidade histórica e devolvem um ecossistema à sua trajetória ecológica histórica.
O ritmo das recentes mudanças ambientais, aliado à magnitude das atuais perdas de biodiversidade, aceleraram a evolução dos ecossistemas, conduzindo, em geral, ao seu empobrecimento através da simplificação e consequente desestabilização. O empobrecimento é o preço que pagamos pelas atitudes inscientes ou pelo desrespeito insensível das gerações passadas e daqueles de nós que indiscriminadamente transformam as paisagens, poluem os ecossistemas e esgotam os recursos. O conceito da restauração, no entanto, dá-nos a esperança de que, através de nossos esforços, podemos recuperar a complexidade do ecossistema e mais uma vez desfrutar dos benefícios pessoais, culturais e econômicos dos ecossistemas funcionais e da grandeza biótica que eles contêm. Sugere ainda que podemos desfazer pelo menos alguns dos danos ecológicos e ambientais causados no passado e que, apesar da contínua explosão demográfica, podemos abrir novos caminhos para o desenvolvimento econômico sustentável. O ecossistema restaurado ilustrado na figura 1.1 comprova que a restauração ecológica é de fato possível e foi alcançada. Tais caminhos devem basear-se no reconhecimento de que nossas economias dependem inteiramente, em primeira e última análise, do capital natural (riqueza produzida pelos ecossistemas totalmente funcionais e sua biodiversidade). A menos que restauremos esse capital e aprendamos a viver do rendimento, em vez de gastarmos de forma imprudente nossas reservas, estaremos condenados ao empobrecimento em muitos níveis e, possivelmente, a catástrofes econômicas e ecológicas sem precedentes. Os caminhos enriquecedores da restauração levam à sustentabilidade e à reintegração das pessoas com a Natureza.
Alguns Termos e Conceitos Básicos
Antes de prosseguirmos com nosso tema principal, faremos uma pausa para explicar alguns termos e conceitos recorrentes neste livro, especialmente para aqueles que não são particularmente familiarizados com ecologia. Os significados de alguns destes conceitos carecem de consenso entre os profissionais, e a discussão a seguir esclarece como empregaremos cada um desses termos-chave neste livro. Definimos outros termos no glossário presente no final do livro, e todos esses estão em itálico na primeira vez que aparecem no texto. Na maioria dos casos, retomamos o uso empregado na primeira edição deste livro (Clewell e Aronson 2007) e na segunda edição do livro acadêmico de van Andel e Aronson (2012). No entanto, ocorrem aqui alguns nuances ou mudanças, o que é esperado devido a alta velocidade com que essa área tem evoluído. Nos casos em que a ambiguidade persiste, citamos outras fontes publicadas para leitura e comparação complementares.

FIGURA 1.1. Pradaria úmida (primeiro plano) e savana alagada de ciprestes, restauradas por D. Borland e A. Clewell para The Nature Conservancy em Mississippi, EUA.
Estados Ecológicos
Um estado é a manifestação ou expressão de um ecossistema; particularmente sua comunidade biótica. Os aspectos abióticos (não-vivos) de um ecossistema, tais como sua geologia, topografia e assim por diante, contribuem para o estado como cenário ou pano de fundo para a comunidade biótica. A comunidade biótica de um sistema é governada pela sua composição de espécies e estrutura da comunidade. Essa última associa-se aos tamanhos, formas de vida, abundância e configurações espaciais de suas espécies. Quando utilizamos a palavra estado neste livro, referimo-nos a um estado ecológico.
Processo e Função
Organismos e populações de espécies em um ecossistema não ficam estáticos como se fossem espécimes de museu. Eles crescem, assimilam, respiram, competem por recursos e se reproduzem. Se forem plantas, fotossintetizam, absorvem água e nutrientes e transpiram. Se forem animais, movem-se em busca de água e comida; lutam ou fogem, competem por companheiros ou se exibem para o mesmo. Se forem micro-organismos, decompõem matéria orgânica morta, liberam nutrientes, fixam nitrogênio e transformam compostos nitrogenados. Todas essas atividades são processos biológicos. Durante o curso de qualquer processo, a energia é transformada, gasta ou armazenada. A matéria é combinada, separada em seus componentes ou movida de um lugar para outro.Alguns dos processos ecológicos mais importantes incluem a produção primária; regulação demográfica de populações de espécies por meio de herbivoria, predação e parasitismo; transferências de energia através de ligações tróficas, reciclagem de nutrientes; armazenamento de carbono em húmus; formação de solo; regulação microclimática; retenção de umidade; e muitas interações simbióticas, como polinização e dispersão de sementes por animais, trocas de nutrientes e energia pelas micorrizas e fixação de nitrogênio por micro-organismos que vivem em relações simbióticas com organismos mais complexos. Esses são processos associados aos ecossistemas. Associamos outros processos ecológicos ao nível de organização da biosfera, como a geração de oxigênio atmosférico durante a fotossíntese, que, obviamente, pode ser estudada ao nível dos ecossistemas. Outro processo ecológico significativo para a biosfera é a regulação térmica da atmosfera terrestre, principalmente da transpiração, que re-irradia calor para o espaço. Quando um sistema biológico em qualquer nível de organização (célula, organismo, comunidade, biosfera) participa de um processo biológico, dizemos que ele está funcionando ou que é funcional; o que indica que trabalho biológico está sendo realizado, no mesmo sentido que os físicos atribuem ao termo.
Nos últimos anos, alguns ecologistas e economistas ambientais, advogados e outros profissionais preocupados com os recursos naturais usaram os termos função e função ecossistêmica de uma maneira diferente da nossa para designar os serviços ecossistêmicos naturais que beneficiam as pessoas e seu bem-estar socioeconômico. Exemp...
Table of contents
- Capa
- Título Página
- Direito Autoral
- Dedicação
- Índice
- SOBRE A SOCIEDADE PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA
- LISTA DE VISITAS DE CAMPO VIRTUAIS
- PRÓLOGO
- PREFÁCIO
- PARTE I. Por que Restauramos
- PARTE II. O que Restauramos
- PARTE III. Como Restauramos
- PARTE IV. Restauração Ecológica como uma Profissão
- A Ciência e a Prática da Restauração Ecológica
- GLOSSÁRIO
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- SOBRE OS AUTORES E COLABORADORES
- ÍNDICE