As aventuras de Tom Sawyer
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As aventuras de Tom Sawyer

Mark Twain, Monteiro Lobato

  1. 152 pages
  2. Portuguese
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As aventuras de Tom Sawyer

Mark Twain, Monteiro Lobato

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Após a morte de seus pais, Tom vive com sua tia perto do Mississippi. Garoto inteligente e sapeca, ele está sempre envolvido em diversas travessuras com seus camaradas. Venha batalhar, soltar pipa e correr com Tom e seus amigos nesse clássico infantil!Personagem icônico da literatura americana, as aventuras de Tom foram adaptadas inúmeras vezes, como no filme "Tom Sawyer & Huckleberry Finn" (2014) e na série de animação "As aventuras de Tom Sawyer" (1980).-

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Information

Publisher
SAGA Egmont
Year
2021
ISBN
9788726621617
Subtopic
Clásicos
Capítulo VI

Tom encontra becky

A manhã do dia seguinte encontrou Tom Sawyer infeliz. Todas as segundas-feiras eram assim — por serem o começo de outra semana de sofrimento na escola — e pior quando tinha havido algum dia de festa.
Tom estava pensando. Se tivesse amanhecido doente, hão iria à escola. Estava ali uma possibilidade — a doença! Pôs-se a apalpar-se e examinar-se. Nada lhe doía. Investigou de novo. Descobriu um leve sintoma de cólica, que procurou desenvolver — mas o sintoma desapareceu completamente sem deixar traço. Examinou-se mais. Descobriu um dente, que estava mole. Uma sorte! E já estava preparando-se para a “gemição”, quando lhe ocorreu que se aparecia diante da velha com dor de dente, ela lho arrancava, e isso dói. Tom guardou de reserva o dente e procurou outra coisa. Não lhe acudia nada. Súbito, recordou ter ouvido ao médico falar de qualquer coisa que dera no dedo dum homem e durara duas ou três semanas. Puxou então o pé de sob as cobertas e pôs-se a examinar o dedo doente. Ignorava os sintomas do caso referido pelo médico, mas valia a pena tentar — e Tom começou a gemer de modo que Sid ouvisse. Sid, porém, tinha o sono pesado.
Tom gemeu mais alto, fazendo caretas de dor. Sid, nada.
Tom tomou um descanso e recomeçou, emitindo uma série de gemidos admiráveis, mas sem melhor efeito. Por fim acordou Sid, sacudindo-o, “Sid! Sid!”. E gemeu, gemeu. Sid bocejou, espreguiçou-se e, firmando-se no cotovelo, pôs-se a olhar para o irmão. Tom prosseguiu nos gemidos.
— Tom! Que é isso, Tom? exclamou Sid, e não obteve resposta. Vamos, Tom — TOM! Que é que tem? e sacudiu-o ansiosamente.
— Oh, não me toque, Sid, foi a resposta do doente.
— Mas diga o que é; vou avisar titia.
— Não — não vale a pena. Há de passar. Não incomode ninguém.
— Sim. Vou chamá-la. Não gema assim, é horrível. Quando começou?
— Horas … Ai, ai … Como dói! Não toque em mim que me mata, Sid.
— Tom, por que não me acordou há mais tempo? Oh, Tom, não, não! … Minha carne se arrepia toda. Não! Que foi, Tom?
— Perdôo tudo, Sid (gemido). Tudo que você fez para mim. Quando eu não estiver mais aqui …
— Oh, Tom, você não vai morrer, não é mesmo? Não vai — não quero …
— Perdôo a todos, Sid (gemido). Diga aos outros. Quero que você dê meu trinco de janela e meu gato caolho àquela menina nova que está na cidade, e diga-lhe …
Mas Sid havia saltado da cama e saído. O sofrimento de Tom era verdadeiro, tal o realismo com que sua imaginação figurava a dor.
Sid desceu as escadas correndo.
— Tia Polly, venha! Tom está morrendo.
— Morrendo?
— Está, sim. Não demore — venha depressa!
— Está aí uma coisa que duvido …
Mas lá se foi escada acima, seguida de Mary e do mensageiro. Estava pálida e com os lábios trêmulos. Chegando à cama do menino, perguntou:
— Tom, que é que sente?
— Oh, titia, eu …
— Depressa, que é que sente?
— Oh, titia, meu dedo está doendo …
A velha afundou numa cadeira e riu um pouco, nervosa, e chorou outro pouco — e riu e chorou ao mesmo tempo. Voltada ao equilíbrio, disse:
— Tom, que aflição me fez passar! Acabe com a brincadeira e pule da cama.
Os gemidos cessaram e a dor do dedo desapareceu. Tom encafifado disse:
— Tia Polly, parecia estar doendo tanto que até me esqueci do dente.
— Que dente?
— Um dente que está mole e dói sem parar.
— Não comece agora com isso! Abra a boca. Sim, o dente está mole, mas você não vai morrer por causa dele. Mary, traga um fio de seda e um tição lá da cozinha.
— Oh, por favor, não o arranque, titia! Já não está doendo mais. Não o arranque. É que eu não queria saber de escola hoje, queria ficar em casa …
— Isso, malandro? Todo esse barulho porque queria gazear a escola e ir pescar? Tom, Tom: que é que você não faz para me amofinar — para atormentar sua pobre tia?
Mary entrou com o instrumental odontológico. A velha fez uma laçada na linha e passou-a em redor do dente mole, atando a outra na ponta do pau da cama; e tomando o tição aceso, chegou-o de súbito ao rosto do menino. O violento recuo instintivo de Tom fez que o dente mole dançasse na ponta do fio atado ao pau da cama.
Mas como tudo no mundo tem sua compensação, a caminho da escola, depois do café da manhã, Tom causou inveja a todos os meninos encontrados, porque a falha do dente lhe ficava de jeito a permitir umas cuspidas admiráveis. Reuniu logo um bando de meninos interessados naquela exibição; e um deles, que havia cortado o dedo e fora até aquele momento o centro de atração geral, viu-se abandonado de todos e privado de toda glória. O despeito o levou a fazer pouco caso das cuspidas de Tom. Um que conhecia a fábula da “Raposa e as Uvas” gritou logo: “Estão verdes!” e o dedo cortado lá seguiu o seu caminho como um herói esquecido.
Logo depois encontrou-se Tom com o pariazinho da aldeia: Huckleberry Finn, filho do maior bêbedo da zona. Huck era temido e cordialmente odiado por todas as mães, por ser vagabundo, vulgar e mau — e porque todos os outros meninos o admiravam e queriam ser como ele. Do mesmo modo que os meninos da classe melhor, Tom invejava a condição de pária de Huckleberry Finn, e vivia sob as mais estritas proibições da Tia Polly de brincar com ele — de forma que brincava com ele sempre que tinha ocasião. Huck andava sempre vestido de restos dos adultos, todo rasgões e remendos. O seu chapéu era uma ruína ao qual faltava metade da aba; o paletó, quando o tinha, descia até aos tornozelos; a calça era sustentada por um suspensório duma tira só, e tinha as pernas tão compridas que quando não dobradas se arrastavam pela lama.
Huckleberry circulava pelo mundo à vontade; era totalmente livre. Dormia na soleira das portas no tempo bom, e em galpões vazios nas noites de chuva; não tinha que ir à escola, nem à igreja, nem de obedecer a ninguém; podia pescar ou nadar quando e quanto quisesse. Ninguém o proibia de brigar, nem de ficar fora de casa até não querer mais; era sempre o primeiro a sacar os sapatos na primavera e o último a calçarse no fim do outono. Não tinha nunca que tomar banho e podia dizer todos os nomes. Possuía uma admiravel coleção de pragas. Em suma: gozava Huck a liberdade de fazer tudo quanto faz da vida uma coisa boa. Era como pensavam todos os meninos decentes de São Petersburgo — os meninos governados pelos pais e a mais gente grande que toma conta dos meninos.
Tom saudou o romântico pariazinho:
— Olá, Huckleberry!
— Olá, você! Veja se gosta.
— Que é hoje?
— Um gato morto.
— Deixe-me ver, Huck. Olhe que duro está! Onde o encontrou?
— Comprei-o dum menino.
— Que deu em troca?
— Um cartão azul e uma bexiga que arranjei no matadouro.
— Como obteve o cartão?
— Troquei-o com Ben Rogers, há duas semanas, por um porrete.
— E gato morto, para que serve?
— Para que serve? Homessa! Para curar verruga.
— Não?! … De verdade? … Eu sei de coisa melhor.
— Duvido. Que é?
— Água de pau podre.
— Oh, eu não dou um vintém furado por água de pau podre.
— Não dá? Não dá? Já experimentou?
— Eu, não. Mas Bob Tanner experimentou.
— Quem disse isso?
— Ele disse a Jeff Thatcher, e Jeff disse a Johnny Backer, e Johnny disse a Jim Hollis, e Jim disse a Ben Rogers, e Ben disse a um negro e o negro me disse. E agora?
— Agora o quê? Todos esses rapazes são uns mentirosos, e ao negro eu não conheço — mas qual é o negro que não mente? Diga-me: como fez Bob Tanner?
— Enfiou a mão num velho tronco podre onde havia água de chuva acumulada num oco.
— De dia?
— Sim, de dia.
— Com a cara virada para o pau podre?
— Parece que sim.
— E disse alguma coisa?
— Parece que não. Não sei.
— Ah! Havia mesmo de curar verruga um jeito desses! Isso assim não faz efeito nenhum, Tom. É preciso ir para o meio da floresta onde haja um pau podre com água dentro e à meia-noite ficar de costas para o pau, mergulhar a mão na água e dizer:
Crocodilos, jacarés e tartarugas,
Devorai-me aqui depressa estas verrugas;
e então caminhar onze passos com os olhos fechados, e dar três voltas e ir para casa sem falar com pessoa nenhuma. Se fala, quebra o encanto.
— É. Está com cara de ser um bom jeito — mas Bob Tanner fez de outro modo.
— Não parece. Se fizesse certo, não seria o maior verruguento da cidade — e não teria uma só, se soubesse trabalhar com água de pau podre. Eu sei — e já tirei de minhas mãos milhares. Como lido muito com rãs, me saem muitas verrugas. Às vezes tiro-as com vagem.
— Sim, com vagem é bom. Já usei.
— Usou? Como se faz?
— A gente pega numa vagem e abre, e depois corta a verruga até o ponto de dar um pouquinho de sangue, e põe o sangue dentro dum pedaço da vagem e abre um buraco e enterra-o (precisa ser numa encruzilhada, à meia-noite, quando não haja lua), e o outro pedaço da vagem a gente queima. O que acontece é isto: o pedaço da vagem com sangue faz força para juntar-se com o outro e isso ajuda o sangue a despegar a verruga, que acaba caindo.
— Isso mesmo, Huck — exatinho! Mas quando se está enterrando, é preciso dizer “Baixo a fava, fora a verruga: não volte a aborrecer-me”. É assim que Joe Harper faz — e ele é um danado que já foi ate perto de Connville e conhece quanta terra há. Mas, diga: como se cura verruga com gato?
— Muito simples. Pega-se num gato morto e vai-se a um cemitério onde hajam enterrado um mau; e quando bate meia-noite, um diabo vem, às vezes dois e três, mas a gente não vê nada, só sente um vento ou ouve o falatório; e quando começam a desenterrar o mau para o levar, a gente arruma com o gato em cima deles, dizendo: “Diabo siga o defunto, gato siga o diabo, verruga siga o gato; não quero saber de você.” Não fica uma!
— Parece certo. Já experimentou, Huck?
— A Tia Hopkins experimentou e me disse.
— Então é mesmo, porque a Tia Hopkins dizem que é bruxa.
— Dizem? Ah, ah! — eu sei que é. Foi quem enfeitiçou papai. Ele mesmo conta. Vinha andando uma vez e percebeu que estava sendo enfeitiçado. Agarrou uma pedra e zás! e se ela não se desvia, adeus bruxa! Pois naquela mesma noite papai caiu de uma armação onde estava dormindo, bêbado, e quebrou o braço.
— Que coisa, hein? Mas como percebeu que estava sendo enfeitiçado?
— Papai sabe conhecer muito bem. Diz que quando o encaram muito fixamente é que o estão embruxando, sobre tudo se começam a resmungar. O resmungo é o Padre-Nosso dito ao contrário.
— Escute, Huck: quando vai experimentar esse gato?
— Esta noite. Juro que esta noite os diabos vêm em busca do velho Hoss Williams.
— Foi enterrado sábado. Não o teriam levado sábado mesmo, à noite?
— Que bobo! O poder deles só vai até meia-noite — depois de meia-noite já é domingo. Os diabos não querem histórias com os domih...

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Twain, M. (2021). As aventuras de Tom Sawyer ([edition unavailable]). SAGA Egmont. Retrieved from https://www.perlego.com/book/3249507/as-aventuras-de-tom-sawyer-pdf (Original work published 2021)

Chicago Citation

Twain, Mark. (2021) 2021. As Aventuras de Tom Sawyer. [Edition unavailable]. SAGA Egmont. https://www.perlego.com/book/3249507/as-aventuras-de-tom-sawyer-pdf.

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Twain, M. (2021) As aventuras de Tom Sawyer. [edition unavailable]. SAGA Egmont. Available at: https://www.perlego.com/book/3249507/as-aventuras-de-tom-sawyer-pdf (Accessed: 15 October 2022).

MLA 7 Citation

Twain, Mark. As Aventuras de Tom Sawyer. [edition unavailable]. SAGA Egmont, 2021. Web. 15 Oct. 2022.